A utilidade marginal do dinheiro

Estou assumindo um risco ao iniciar esse artigo utilizando um termo emprestado da Economia. Peço paciência. Não é um conceito difícil de entender e está diretamente relacionado ao sucesso em finanças pessoais.

Utilidade é o termo usado em Economia para designar o valor ou felicidade derivado do uso de um bem ou serviço. Utilidade marginal é o incremento de valor ou felicidade derivado do uso de uma unidade adicional do bem ou serviço. A maioria das coisas tem, por definição, uma utilidade marginal decrescente.

Utilidade marginal decrescente pode fazer pouco sentido à primeira vista mas é, na verdade, um conceito bem fácil de entender:

  • Primeiro copo de água para o sendento – Excelente!
  • Segundo copo, ainda vai..
  • Terceiro copo de água em diante – Muito obrigada, estou satisfeito!

Cada copo de água adicional fornece menos satisfação (“utilidade”) que o anterior. O mesmo é verdade para quase todo tipo de serviço ou produto.

Essa idéia também é verdadeira para o dinheiro. Para a maioria de nós, ganhar R$500 mil reais poderia ser classificado como um evento que mudaria a vida da pessoa. Mas e se você já tiver um patrimônio líquido equivalente a vários milhões de reais? R$500 mil adicionais ainda seria algo importante, mas duvido muito que isso ainda mudasse de forma significativa a sua vida.

A minha experiência pessoal tem se demonstrado um estudo de caso nesse tema. Há alguns anos, a minha renda era diversas vezes inferior a atual e eu não tinha nenhuma reserva financeira. Todo recurso adicional fazia a maior diferença, em outras palavras, a utilidade marginal de cada centavo adicional era enorme. Hoje, apesar de investir mensalmente um valor bem superior ao meu salário no início da carreira, o impacto de um aumento de renda é bem menos significativo no meu padrão de consumo.

Utilidade marginal e aversão ao risco

Como para a maioria das pessoas a utilidade marginal decrescente do dinheiro é uma realidade. Uma perda de determinado valor tem um impacto bem maior do que um ganho do mesmo valor. Você estaria disposto a apostar R$10.000,00 no cara ou coroa? Se acertar, ganha R$10.000,00, mas se perder…

Aposto que não aceitaria essa aposta com uma probabilidade de 50% para um valor considerado significativo em relação a sua posição patrimonial.

A idéia de ganhar R$10 mil é excitante, mas a idéia de perder os mesmos R$10 mil pode ser assustadora. Em termos econômicos, dizemos que temos aversão ao risco.  Ou seja, não estamos dispostos a assumir um risco há menos que a probabilidade de ganho seja considerada favorável.

Eliminando o risco onde é possível

Se você é como eu e a maioria, tem mais medo de ficar sem dinheiro do que desejo de ser milionário.  E se esse é o caso, porque não eliminar o risco de sua carteira de investimentos dentro da medida do possível.

Os analistas recomendam diversificar seus investimentos seguindo alguns modelos. O mais comum é procurar identificar seu perfil. A maioria das instituições financeiras permite a identificação do perfil do investidor através do preenchimento de um questionário. E com base nesse perfil, recomenda uma certa extratificação da carteira de investimentos. Por exemplo, se o seu perfil é arrojado, a recomendação seria algo parecido com:

  • 8% renda fixa
  • 8% poupança
  • 10% juros pós fixados
  • 54% ações
  • 20% fundos multimercado

Outra alternativa recomendada é limitar a exposição a renda variável em sua carteira de investimentos considerando fatores como a sua idade ou tempo remanescente até a sua aposentadoria. Por exemplo, se pretendes se aposentar aos 60 anos e tem 25 anos, poderia manter até 35% da carteira em investimentos de renda variável e, consequentemente, maior risco.

Moral da história: quanto mais próximo da data em que precisarás do recurso, menos risco deves assumir.

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