Armadilha de crédito

Lidar com dinheiro não necessariamente se aprende em casa e, infelizmente, também não se ensina na escola. Algumas pessoas tem a sorte de ter em casa um exemplo de boa administração financeira seja porque seus pais tem sólidos hábitos ou porque a restrição da renda da família incentivou à adoção de um comportamento positivo no que diz respeito ao planejamento financeiro.

A maioria dos mortais no entanto aprende a administrar sua vida financeira através da tentativa e erro ao longo do caminho. No meu caso, minha família sempre incentivou todas as ações que pudessem me colocar numa situação de aumentar a minha renda. O foco sempre foi buscar qualificação ou empreender um novo negócio para aumentar as oportunidades profissionais. Por outro lado, nunca tivemos uma preocupação muito grande com poupança e também sempre utilizamos o crédito para satisfazer nossas necessidades e desejos sem considerar o real custo disso.

Na minha experiência, o erro mais difícil de superar foi o uso indiscriminado do crédito. Em perspectiva, tomei uma série de decisões infelizes que me colocaram numa situação bastante precária. Em 2005, eu estava de volta ao Brasil depois de uma riquíssima experiência profissional nos Estados Unidos e apesar da minha renda ser bastante razoável na época, eu acumulava uma dívida de aproximadamente R$50.000,00 entre financiamento do automóvel e crédito pessoal e tinha quase nenhuma reserva financeira.

O que me levou a essa situação, dificil de dizer, fora o carro, não consigo identificar nenhuma aquisição significativa que tenha me colocado nessa situação precária. Se pode dizer que a soma de um número significativo de pequenos erros de consumo, como por exemplo adquirir entre 6 e 10 livros por semana..

Em 2005 também aconteceu uma coisa muito importante que de certa forma é um divisor de águas. Meu marido, na época namorado, veio morar comigo. Desde então tenho aprendido muito. Hoje temos 2 dívidas apenas, o financiamento do apartamento que adquirimos em 2008 e o financiamento do carro que trocamos em 2007.

Porque eu não conseguia viver dentro da minha restrição de renda antes? Não há explicação racional, acho que como todo mundo eu olhava para a minha disponibilidade incluindo todos os limites de crédito que eu tinha. Hoje, no máximo, faço uma compra parcelada em poucas parcelas no cartão de crédito se não conseguir um desconto para pagamento a vista.

Tem sido um caminho árduo, sou ainda, em essência, um ser consumista.. É quase impossível entrar na liquidação da minha marca de calçados preferida ou num livraria e sair sem comprar nada.. Mas tenho tido sucesso na maioria das vezes, e quando cedo a tentação e compro alguma coisa, isso não causa um estrago nas minhas finanças me levando a usar crédito.

A mensagem que eu queria passar é: cuidado com a armadilha do crédito. Não é porque o seu banco lhe oferece um limite de crédito que você precisa usá-lo, ele não faz parte da sua disponibilidade financeira e vai te custar muito caro no longo prazo.

Além disso, também não vale a pena remoer os erros.. Se passou do limite nesse mês, investigue as causas, mude a sua atitude, e corra atrás do tempo perdido.. Ninguém é perfeito mesmo.

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