Adquirir a casa própria é provavelmente um dos sonhos mais comuns para o brasileiro ou para alguém de qualquer nacionalidade acredito. No entanto, esse sonho dever ser muito bem planejado para que o sonho não se torne um entrave no caminho da independência financeira. Arcar com uma prestação alta e custos não planejados pode atrasar ou mesmo inviabilizar o sonho de independência.
É preciso considerar todos os custos envolvidos na aquisição bem como o impacto que essa aquisição terá nos seus custos fixos. Seguem alguns exemplos de itens que precisam ser considerados:
- Taxa de abertura de crédito. Normalmente os bancos informam a taxa de juros nominal da modalidade de financiamento e somente quando o processo está avançado é que informam a taxa de abertura de crédito que normalmente é paga a vista no dia da assinatura do contrato.
- Vistoria do imóvel. Normalmente é paga diretamente ao avaliador do banco ou ao banco mesmo.
- Seguros. A prestação vai incluir além do principal mais os juros também seguros para cobrir o risco de danos materiais ao imóvel bem como também um seguro para o caso de você falecer ou perder o emprego.
- ITBI. O imposto de transmissão é municipal. Em Porto Alegre, ele é 3% do valor venal (determinado pela Prefeitura) para o imóvel. Normalmente as linhas de crédito imobiliário tem um subsídio que reduz a alíquota para 0,5% sobre a parcela do valor que é financiada. O imposto é pago no momento da compra e é necessário comprovar o pagamento para efetuar o registro do imóvel.
- Registro do imóvel. Para efetuar o registro do imóvel você precisará pagar as taxas e emolumentos do cartório que ficarão em torno de 1% do valor do imóvel. Note que existe uma tabela para os emolumentos com base no valor declarado para o imóvel na escritura/contrato de compra e venda.
Ao adquirir a casa própria você também passa a ser responsável pela manutenção dela em oposição ao aluguel onde o responsável pela manutenção continua sendo o proprietário do imóvel. Não encontrei dados exatos sobre o custo de manutenção de um imóvel até porque vai depender da idade, das características da construção e também se a manutenção é preventiva ou corretiva, mas a maioria dos artigos que li indica que o ideal é reservar entre 1 e 2% do valor do imóvel para manutenção por ano.
Outro ponto importante é dimensionar adequadamente o tamanho do imóvel que está sendo adquirido. O custo do imóvel é quase sempre proporcional ao seu tamanho, assim como os seus custos de condomínio, se aplicável, e de manutenção também serão. Não há uma regra de tamanho, mas é preciso considerar as suas necessidades e não se deixar influenciar pela inflação do estilo de vida.
E não podemos esquecer do mantra dos agentes imobiliários: localização é tudo! Você precisa considerar não somente o impacto da localização no preço de aquisição do imóvel, mas também o impacto nos seus custos fixos (distância para o trabalho e para o supermercado, por exemplo). Eu particularmente evito dirigir ao máximo em Porto Alegre. Há algumas mudanças atrás decidi que moraria perto do escritório de forma que possa fazer a maior parte do meu deslocamento diário a pé.
Desde que voltei ao Brasil em 2004, já me mudei 4 vezes. Duas vezes moramos em apartamentos alugados e duas vezes compramos o imóvel. No início desse ano, compramos a nossa atual moradia. Nessa última mudança, mudamos apenas 1 quadra. Comparando os custos mensais das duas moradias em termos relativos a minha renda (Anterior – Aluguel, Atual -Financiada), temos o seguinte:
Casa anterior | Casa atual | V% | |
Prestação mensal | 7% | 30% | 328% |
Condomínio | 2% | 5% | 150% |
Área em m2 | 120 | 240 | 100% |
Custo por pessoa | 5% | 18% | 286% |
O imóvel tem 13 anos e desde que mudamos já tivemos que trocar o aquecedor e combater goteiras. O prédio teve a fachada renovada’, manutenção imprevista e o condomínio revisou o modelo de cálculo da fração ideal o que aumentou nossa participação no condomínio de cerca de 20% para quase 30%. Ainda assim, acredito que estamos em uma posição privilegiada em relação a maioria já que não temos outras dívidas e nossa renda é bastante alta.
A Suze Orman tem uma lista de regras básicas para se considerar ao avaliar a aquisição de uma casa que me parecem salutares:
- Ter pelo menos 20% para dar de entrada, sem usar o seu fundo de emergência;
- Poder pagar a prestação com tranquilidade sem comprometer as demais metas financeiras;
- Pretender morar no imóvel por pelo menos 5 anos; e
- Financiar por um prazo que não se encerre antes da sua aposentadoria prevista.
Me parece bastante sábio considerar essas regras antes de fazer a aquisição.