Há algum tempo atrás o meu interesse pela cozinha me levou a ler “Minha Vida na França” de Julia Child e Alex Prud’Homme.
Minha Vida na França conta a vida de Julia Child a partir de 1948 quando ela chegou na França sem saber coisa alguma sobre a cultura ou língua francesa, e muito menos ainda sobre a gastronomia que lhe tornou famosa em seu livro de culinária inovador, Mastering the Art of French Cooking, e seu show de TV, The French Chef.
O que isso tem a ver com finanças pessoais? Uma das coisas que me chamou atenção sobre Julia enquanto ela progrediu de um desastre culinário para um ícone norte americano foi a sua sabedoria aplicada no desenvolvimento de sua carreira.
Claro que eu não acredito que ela foi para a França com o propósito de se tornar uma chef consagrada, nem que pensava sobre isso quando teve sua primeira aula, mas a sua paixão pelo trabalho e sua proatividade em buscar suas metas somadas a sua persistência quase canina não só a transformaram numa grande chef mas também a tornaram um nome conhecido para aqueles interessados em culinária francesa.
Sem mais delongas, seguem as 10 lições que podemos aprender com Julia Child:
- Invista em si. Julia não falava Francês quando chegou a França. De fato, ela diz que o seu Francês parecia piorar quanto mais ela tentava e ficava surpresa que alguém pudesse compreênde-la. “…minha incapacidade de comunicar-me era tremendamente frustrante,” ela escreveu. Uma noite depois de uma festa com maioria de pessoas falando em francês, ela atingiu seu limite. Declarou que aprenderia a falar a língua não importa o que custasse e se inscreveu em classe que se encontrava 6 horas por semana. Se você quer aprender alguma coisa ou desenvolver uma habilidade, corra atrás. Procure um curso de especialização, estude por conta própria, dedique-se.
- Siga a sua paixão. Os amigos de Julia, tanto americandos como franceses, pensavam que seu interesse pela culinária era um tanto exagerado. Cozinhar não era um hobby de classe média. Na verdade, eles não conseguiam entender como Julia se divertia fazendo compras, cozinhando e servindo comida. Mas Julia, encorajada por Paul,ignorou a todos e perseguiu sua paixão.
- Você nunca estará velho demais para aprender algo novo. Julia tinha 36 anos quando ela começou a aprender uma nova língua. Ela se matriculou na escola de culinária aos 37. Julia tinha uma constante necessidade de buscar conhecimento e não descansou até dominar e aprender tudo que chamava a sua atenção e curiosidade.
- Cultive entusiasmo. As palavras de Julia sobre comida ou sobre aprender a cozinhar praticamente saltam das páginas. Enquanto eu lia o livro muitas vezes fiquei tentada a deixar a leitura de lado e testar as receitas. Sua paixão é de certa forma contagiosa, pelo menos para alguém que compartilha os mesmos interesses.
- Aceite que para fazer qualquer coisa bem é preciso trabalhar duro. Julia não se satisfez com aulas de culinária e simplesmente traduzindo receitas para o padrão americano de medidas — sua cozinha era seu laboratório. Enquanto estava na aula de culinária, ela dedicava horas em casa investigando o como e o porquê do que ela havia aprendido naquele dia. Ao escrever receitas, ela testava todos os ingredientes e medidas indicadas, experimentou com maionese até que estivesse certa que ninguém poderia ter escrito mais sobre o assunto.
- Ignore os discursos auto derrotistas. Quando uma receita dava errado, Julia não ficava se punindo com comentários ou procurando justificativas para o fracasso. Ela simplesmente tentava de novo até encontrar o caminho certo. Normalmente você é melhor do que acredita, e quando alguma coisa dá errado, o conselho de Júlia é superar e aprender com os próprios erros.
- Solicite feedback da sua audiência. Julia era muito forte em solicitar feedback. Paul era normalmente a sua principal fonte, mas enquanto desenvolvia suas receitas, ela também as compartilhava com amigos e familiares na América para testes. Eles encontraram os ingredientes no supermercado local? Entenderam as instruções? Gostaram do vocabulário utilizado? Julia queria levar a culinária francesa para a audiência americana; ela sabia que não se tratava dela. Ela queria ter certeza de que sua audiência seria capaz de seguir as suas receitas — e ela realmente se importava com a gastronomia francesa.
- Amplie as suas habilidades. Julia dedicou-se a ensinar outros a cozinhar. Mas para fazê-lo bem, não bastava ser uma boa cozinheira, ela precisava aprender a ser uma boa professora. “Eu decidi que, apesar de cozinhar bem, minha apresentação não era clara…Senti que teria que dar pelo menos uma centena de aulas antes de saber exatamente o que estava fazendo.,” ela escreveu. Aprender a ensinar foi útil ao longo de sua carreira, tanto para escrever receitas como para apresentar seu show de TV.
- Sujeite as suas crenças ao teste prático. Na França, Julia escreveu, cozinhar é uma grande arte, que tem em si um certo dogmatismo. Mas ela não se satisfez aceitando coisas pelo valor de face. Ela preferia ver tudo como uma teoria até que tivesse testado ela mesma. Ela testava todas as receitas na sua cozinha e investigava os mitos antigos. Como se pode imaginar, aperfeiçoar uma receita tomava muito tempo e dedicação.
- Conheça o seu valor. Publicar Mastering the Art of French Cooking não foi fácil. As co-autoras de Julia queriam manter um agente que não respondeu suas cartas durante meses, mas graças a um pouco de networking, Julia conseguiu uma editora muito melhor para o seu projeto. Ela conhecia o seu valor antes do livro estar pronto, escreveu, “Concorrência nesse campo é dura, mas acreditamos que esse possa ser um trabalho muito importante sobre culinária francesa…e continuará a vender por anos.” No que ela estava totalmente correta, adquiri o meu exemplar esse ano.
Julia não ficou famosa como um guru de carreira, mas certamente sua sabedoria aplicada no próprio desenvolvimento foi o que fez ela famosa e permitiu que atingisse sua meta de vida: levar a comida francesa para a mesa de jantar americana e compartilhar sua paixão com o mundo.