Muitas vezes me parece que as pessoas vivem em extremos no que diz respeito a planejar o futuro de suas finanças. Ou atravessam o Guaíba com o Sonrisal na mão, ou gastam até o último centavo. Assim como em quase tudo na vida, entendo que devemos planejar as nossas finanças com equilíbrio, seguindo o Caminho do Meio.
Caminho do Meio é um conceito budista que implica em uma abordagem equilibrada da vida e no controle dos impulsos e do comportamento das pessoas.
Embora a palavra “meio” denote moderação, o termo Caminho do Meio não deve ser interpretado como uma atitude passiva, comodista e relapsa.
Em um sentido mais amplo, Caminho do Meio refere-se à visão correta da vida ensinada pelo Buda, e às ações ou atitudes que geram felicidade para si próprio e para os outros. Por essa razão, o budismo é também referido como “Caminho do Meio”, indicando uma transcendência e conciliação dos extremos de visões opostas.
Voltando a questão das finanças, você pode até seguir a filosofia James Deam do “Sonhe como se fosse viver para sempre e viva como se fosse morrer amanhã”, mas daquela época para cá, a possibilidade de morrer jovem está cada vez menor. Segundo o IBGE, nos anos 70 vivíamos, em média, até os 59 anos contra 73 anos na atualidade. É um aumento na expectativa de vida de 73 anos. Em outras palavras, na década de 70 a média dos brasileiros não atingia a idade da aposentadoria quando atualmente vive cerca de 13 anos aposentado (considerando 60 anos como idade para aposentadoria).
Outro fato que enfraquece o extremo absoluto de consumo, é que as famílias estão ficando menores. Eu, por exemplo, não tenho filhos e não pretendo ter. O que quero dizer é que não vou ter um herdeiro para me sustentar na velhice como se via algumas gerações atrás.
Por outro lado, posso ser atingida por um raio, e morrer amanhã. De que me adiantará o fundo de pensão acumulado nessa situação?
Acho que o ponto que eu quero fazer é que é possível encontrar um equilíbrio entre os extremos. Não caia na armadilha de que é preciso escolher entre adiar a vida até a aposentadoria ou não ter aposentadoria alguma.
Para ilustrar a afirmação vou usar um exemplo que já apresentei aqui antes quando discutimos finanças para profissionais autônomos. Se você guardar apenas o equivalente a contribuição previdenciária sobre o salário mínimo em algo como a poupança.
- Valor mensal – R$124,40 (contribuição sobre 1 salário mínimo)
- Período – 420 meses (dos 25 aos 60 anos)
- Rendimento – 0,5% ao mês (Sei que a regra do rendimento da poupança mudou mas poderíamos usar outras opções de investimento)
- Fundo acumulado aos 60 anos: R$175.951,85
- Renda mensal a 0,6%: R$1.055,71
Para enfatizar ainda mais o argumento a tabela abaixo demonstra o saldo ao final de 30 anos considerando diferentes taxas de rentabilidade mensais:
Valor\Taxa mensal | 0.50% | 0.75% | 1% | 1.50% | 2.00% |
100 | R$100.451,50 | R$183.074,35 | R$349.496,41 | R$1.411.358,54 | R$6.232.805,64 |
200 | R$200.903,01 | R$366.148,70 | R$698.992,83 | R$2.822.717,08 | R$12.465.611,28 |
300 | R$301.354,51 | R$549.223,04 | R$1.048.489,24 | R$4.234.075,62 | R$18.698.416,92 |
400 | R$401.806,02 | R$732.297,39 | R$1.397.985,65 | R$5.645.434,16 | R$24.931.222,55 |
500 | R$502.257,52 | R$915.371,74 | R$1.747.482,07 | R$7.056.792,70 | R$31.164.028.19 |
1000 | R$1.004.515,04 | R$1.830.743,48 | R$3.494.964,13 | R$14.113.585.39 | R$62.328.056,39 |
1500 | R$1.506.772,56 | R$2.746.115,22 | R$5.242.446,20 | R$21.170.378,09 | R$93.492.084,58 |
2000 | R$2.009.030,08 | R$3.661.486,97 | R$6.989.928,27 | R$28.227.170,79 | R$124.656.112,77 |
2500 | R$2.511.287,61 | R$4.576.858,71 | R$8.737.410,33 | R$35.283.963,48 | R$155.820.140,97 |
3000 | R$3.013.545,13 | R$5.492.230,45 | R$10.484.892,40 | R$42.340.756,18 | R$186.984.169,16 |
A sugestão aqui é encontrar um equilíbrio. Aproveitar a vida hoje mas planejar-se para o amanhã.