Faça o planejamento estratégico como se fosse uma empresa

Acredito que muitas pessoas, assim como eu, já estão meio cansadas de ouvir as mesmas dicas sobre planejamento financeiro. Finanças pessoais no final das contas não é uma ciência avançada. As regras básicas são sempre as mesmas:

  1. Regra de ouro: gastar menos do que se ganha.
  2. Definir as metas que deseja atingir.
  3. Possuir um fundo de emergência para enfrentar os gastos inesperados ao longo do ano.
  4. Fugir do endividamento. Só contrair dívidas que possam ser pagas com trânquilidade e num horizonte curto.
  5. Investir seus recursos com sabedoria.
  6. Contratar seguros adequados à sua exposição de risco. Considere nisso não apenas o seguro do carro, é preciso avaliar o seguro de vida e de residência também.
  7. Conhecer a si mesmo. É sábio conhecer o que influencia as suas decisões de consumo.
  8. Reconhecer os pequenos sucessos. Presenteie a si mesmo de vez em quando.
  9. Não mire na lua. Tenha metas que sejam desafiadoras o suficiente porém não inatingíveis.
  10. Se todos itens anteriores forem atingidos, gaste tudo que sobrar.

Alguns artigos indicam que a maioria das pessoas desiste de controlar as próprias finanças depois de alguns meses. Em mais de um artigo que li, o prazo era 5 meses. Me parece que um componente importante para fazer os itens listados antes funcionarem é  a disciplina para planejar e executar o planejamento o que é bem parecido com o que acontece em uma empresa. Assim como as empresas preparam um plano de negócios você também pode ter um plano para a sua vida financeira. Eu, como legítima control freak, tenho um plano estratégico para quase todos os aspectos da vida.

Anualmente, ou na periodicidade que quiser, considere todas as possibilidades de: (i) aumento de renda (promoção ou fontes extras); (ii) mudanças de rumo (treinamento, nova profissão ou emprego); (iii) gastos para melhoria; e (iv) ações na gestão de caixa (melhorar o rendimento dos investimentos ou reduzir os gastos).

Para construir o seu plano considerando as possibilidades anteriores considere também que um solteiro é como uma firma individual, pode projetar seu crescimento, fazer planos para o seu desenvolvimento investindo na sua formação e carreira sem se preocupar com outra pessoa. Já quem se casa é como uma empresa que vai se combinar, de forma que é preciso considerar a necessidade dos dois sócios envolvidos. Na Inglaterra existe uma expressão Dink’s (Double Income No Kids) que define uma grande parte das famílias onde os dois trabalham e não tem filhos logo podem focar seus esforços na carreira de ambos.

Uma forma de visualizar o planejamento e também de avaliar os resultados é criar uma planilha como se fosse um balanço patrimonial de uma empresa. Essa planilha seria uma fotografia exata da sua situação econômica que traz a possibilidade de avaliar o seu progresso, ao invés, de simplesmente ficar focado no fluxo de caixa mensal. Por exemplo, desde que comecei a controlar as minhas finanças através da posição patrimonial, meu patrimônio líquido (tudo o que tenho menos tudo o que devo) cresceu quase 1900% ou seja em 30 de junho de 2010, meu patrimônio líquido é 19 vezes maior do que era em 31 de dezembro de 2007.

O que considerar no balanço patrimonial:

Ativos – representam tudo que gera renda ou foi incorporado ao seu patrimônio e possui valor de troca. Seguindo a regra da contabilidade, organize seus ativos a partir dos itens que podem mais facilmente ser convertidos em dinheiro.

– Caixa e equivalentes de caixa – Todo o dinheiro em espécie ou em conta corrente que sem nenhuma restrição de uso.

– Investimentos financeiros – Todas as aplicações financeiras desde a velha e conhecida caderneta de poupança até as ações de empresas adquiridas na bolsa de valores.

– Contas a receber – Saldos a receber de salários, bônus, dinheiro emprestado para os amigos (cabe avaliar o potencial de recuperação de cada caso).

– Ativos de longo prazo – todos ativos que só podem ser realizados em mais de 1 ano. São exemplos títulos do governo, imóveis para investimento comprados na planta, planos de previdência privada.

– Ativos permanentes –  Carro e casa de uso próprio normalmente entram aqui. Obviamente que esses recursos podem ser vendidos se necessário, mas normalmente não é essa a intenção inicial.

Do outro lado do balanço:

Passivos – tudo o que se deve. A lógica da organização é o vencimento das dívidas.

Saldos em cartões de crédito – sempre considere o saldo total ainda que esteja efetuando os pagamentos mínimos.

Financiamentos – aqui entram o financiamento do carro, da casa, ou qualquer outro.

Contas a pagar – todo o resto.

 

Para simplificar a questão o patrimônio líquido vai ser o resultado da equação Ativos menos Passivos.

Uma boa forma de fazer esse exercício pela primeira vez é revisar a sua última declaração de imposto de renda. Alguns bancos, como o Itaú, por exemplo, disponibilizam aos seus correntistas um demonstrativo mensal que faz um balanço entre os seus ativos (conta corrente, investimentos, etc) e suas dívidas (crédito pessoal, cartão de crédito etc) o que já é uma forma de avaliar a sua situação.

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