2013.13 – Orçamento doméstico

Tenho que admitir que o orçamento doméstico ainda é uma ferramenta mal utilizada por mim e, acredito que pela maioria dos brasileiros. Talvez o motivo principal seja que essa ferramenta é pouco compreendida. Controlar as finanças parece inspirar reações opostas nas pessoas. Uns encaram como um sofrimento a limitação ao seu estilo de vida que privilegia o consumo e a satisfação imediata, outros parecem desenvolver um comportamento quase compulsivo controlando até o último centavo.

Eu estou tentando encontrar um equilíbrio. No ano passado incorporei a minha planilha de controle financeiro um orçamento que foi estabelecido considerando a média histórica dos meus gastos em cada categoria. Não é necessário dizer que o meu resultado do ano só se aproximou do orçado em algumas categorias por pura sorte.

Esse ano estou tentando fazer um processo diferente, estabelecer um orçamento que esteja comprometido com as minhas metas pessoais e que me ajude a atuar com intenção na direção do sucesso. Meu ponto de partida foi a fórmula do equilíbrio financeiro já apresentada em um artigo anterior que determina uma poupança mínima de 20% da renda líquida. Depois disso repassamos todas as categorias considerando o que podemos fazer diferente e estabelecendo uma meta de gasto para cada uma.

Nossa maior dificuldade? Meu consumismo por um lado, e nossa paixão por bons restaurantes por outro.

O Navarro, do Dinheirama, alertou em artigo recente para 4 comportamentos que sabotam o uso de orçamento doméstico pelas famílias que reproduzo a seguir:

1. Não use o orçamento como “muleta”

É muito comum notar famílias que admitem usar algum tipo de ferramenta para gerenciar suas finanças, muito embora seus resultados não surpreendam positivamente. Conheço muita gente que enche o peito e diz“Eu tenho e uso uma planilha para controlar minhas despesas”.

Falta a humildade para reconhecer que se existe a ferramenta, ela está sendo mal utilizada ou que ela está servindo como uma “muleta”. Ora, falar para os outros que cuida do seu dinheiro, mas ainda assim viver “pendurado” e cheio de dívidas é agir de forma hipócrita. Desculpe apontar isso assim, sem rodeios, mas é preciso que sejamos realistas.

Na prática, o que vejo são planilhas incompletas, bagunçadas e preguiçosas. Gastos não anotados de forma completa (adianta categorizar gastos como “Diversos” ou “Outros?”) e longos períodos sem atualização costumam ser os erros mais frequentes.

Atitude desejada: atualize seu orçamento doméstico pelo menos uma vez a cada 15 dias e categorize os gastos de forma que eles façam sentido.

2. Defina objetivos plausíveis

Outra reação bastante usual no relacionamento com o orçamento familiar decorre da demora em ver resultados. Acontece que a estratégia de gerenciar as finanças só vai funcionar se a ela forem associados objetivos claros, devidamente precificados e alocados de forma temporal (curto, médio e longo prazo).

Gosto de um exemplo simples, de uma família que tinha o desejo de viajar durante uma semana para fora do Brasil. Nunca havia dinheiro para isso. Analisando o orçamento familiar, percebemos um exagero nas despesas de lazer.

Depois de muito conversar, perguntei: “Por quê economizar ou rever os gastos com lazer?”. Olhando a planilha e consultando os filhos, a mãe respondeu: “Para poupar durante 12 meses o suficiente para realizarmos nossa viagem”. O desejo foi transformado em meta. Vocês podem imaginar a alegria dessa família depois da viagem?

Atitude desejada: quebrar sonhos ou desejos de consumo abstratos (ou grandes demais) em objetivos plausíveis, mantendo sempre alguns deles no curto prazo – para que possam ser comemorados e alimentem os demais.

3. Associe a disciplina a áreas não relacionadas ao dinheiro

Lidar com nosso dinheiro envolve decisões e emoções enraizadas e construídas a partir de experiências pessoais e familiares, o que torna a mudança e a criação de novos hábitos passos desejáveis, mas nem sempre simples de tirar do papel. Concordo que o peso cultural é grande.

A disciplina é uma característica necessária para que o orçamento doméstico seja eficiente e cumpra seu papel, certo? E se a associarmos com hábitos de diferentes áreas, como a saúde ou a prática de exercícios, por exemplo? Funciona? Sim! Realizar atividades interessantes de forma constante gerará resultados. Estes resultados manterão a motivação.

Atitude desejada: comece a praticar exercícios físicos de forma regular e monitorada. Associe a disciplina do processo à necessidade de aproveitá-la em outras esferas de sua vida pessoal (aqui cabe o orçamento doméstico).

4. Construa o seu orçamento doméstico

A esta altura, torço para que você esteja com vontade de voltar a anotar suas receitas e despesas, avaliar suas decisões de consumo e questionar mais sua vida financeira. “Que ferramenta vou usar para isso, Navarro?”, você pergunta. É imperativo que você experimente as opções disponíveis e construa a sua ferramenta ideal.

Atitude desejada: use diversas versões de planilhas, faça um test drive nas ferramentas online e adapte o que conseguir para que a ferramenta faça sentido para sua família.”

O importante aqui é tentar. Dê o primeiro passo. E continue em frente. Anote tudo numa agenda, use um sistema de mesada, passe de uma planilha pra outra, experimente um aplicativo para o smartphone, peça ajuda. Recomece. Aceite que isso é importante e faça alguma coisa. Faça o que funcionar para você.

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