A Zero Hora de hoje traz o perfil do inadimplente porto-alegrense traçado pelo Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC):
- 52,7% são homens;
- 55% solteiros;
- 35,2% têm de 21 a 30 anos;
- 51,6% têm o Ensino Médio completo ou Superior incompleto;
- 62,8% têm renda familiar de R$1.201 a R$3.000;
- 64,2% procuraram o SCPC de forma espontânea;
- 64,7% procuraram a empresa para renegociar a dívida;
- 41,% conseguiram renegociar;
O Banco Central considera inadimplência a falta de pagamento acima de 90 dias. Esse foi o conceito base na pesquisa do SCPC. A pesquisa também apontou como causas principais para a inadimplência: (i) desemprego; (ii) descontrole nas contas; (iii) emprestar o nome para terceiros; (iv) atraso de salário; e (v) doença na família. Pelo menos 3 dessas causas apontadas podem ter o efeito minimizado por uma medida de segurança básica: mantenha um fundo de emergência.
Segundo a reportagem, a inadimplência do consumidor aumentou 19,1% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2011 de acordo com a última pesquisa da Serasa Experian. O aumento da inadimplência é um sintoma do endividamento progressivo do brasileiro, a expansão do crédito em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) tanto para pessoas como para empresas, cresceu de 23% para 50%, desde 2003.
Segundo a pesquisa da Fecomércio de São Paulo que calculou o comprometimento da renda familiar com o pagamento de dívidas, em 2011, Porto Alegre é a líder da região Sul. Os porto-alegrenses tinham em 2011, 31,2% da renda comprometida com pagamento de dívidas, em comparação com 26,3% em Florianópolis e 26,4% em Curitiba. Os consumidores endividados, segundo a reportagem da Zero Hora, elegeram os cartões de crédito como o maior dos vilões para o descontrole das finanças pessoais.
O nosso endividamento ainda está longe do quadro norte-americano, mas já é um entrave para a economia, pois dificulta os programas de incentivo federal para aumentar o consumo como estratégia para retomar a atividade industrial.
Se você já está endividado, seguem as dicas do educador financeiro Edward Claudio Junior publicadas na Zero Hora de hoje:
- Primeiro, não adquira novas dívidas. Somente se for algo realmente necessário e urgente, que não possa esperar.
- Guarde o cartão de crédito em casa, para evitar compras por impulso.
- Faça um diagnóstico financeiro da sua vida. Anote todos os gastos mensais (não deixe escapar nada, real por real) e verifique quais deles você pode reduzir ou eliminar por determinado tempo, para poder voltar ao equilíbrio e encontrar recursos para quitar as suas dívidas.
- Ainda dentro do diagnóstico, anote todas as dívidas de forma precisa: quem é o credor, o valor, as parcelas em atraso, as parcelas a pagar, a taxa de juros. Também se a dívida tem algum tipo de garantia, ou se é essencial, como água e luz.
- Analise quais são as dívidas que devem ter prioridade para negociar, de referência as essenciais, aquelas com algum bem em garantia e as de maior taxas de juros.
- Coloque dentro do seu orçamento a parcela que será utilizada para quitar as dividas e respeite esse valor.
- Só depois de retomar o controle da sua vida financeira, seguindo os passos anteriores, procure os credores e renegocie de forma que possa honrar o compromisso assumido.
- Durante a negociação, se o valor ofertado pelo credor for superior ao que você tem capacidade de pagar, não aceite a negociação. No entanto, seja proativo e comece a guardar a parcela que tem capacidade de assumir, para futura negociação com o credor. Com o dinheiro reservado, terá boas chances de realizar uma negociação satisfatória.
- Depois de quitar as dívidas e reassumir o controle de suas contas, planeje melhor as compras. Reserve uma parcela mensal para realizar os desejos de consumo, comprando à vista e com desconto. Mas, para isso ocorrer, o valor a ser poupado deve estar dentro do seu orçamento.
- Não tenha ansiedade. Não será de um dia para o outro que tudo estará resolvido, mas dê o primeiro passo para retomar o controle financeiro. O quanto antes começar, mais rápido e menos sofrido será o percurso. Não deixe para depois o que pode fazer agora.
Eu acredito que uma parte da explicação para o aumento do endividamento brasileiro, passa pelo despreparo da maioria das pessoas para lidar com a abertura do crédito nos últimos anos. Num intervalo relativamente curto de tempo, saímos de uma realidade onde o acesso ao crédito era praticamento restrito a financiamentos imobiliários para os dias de hoje, onde até a bodega da esquina vende parcelado no cartão. Além disso, estamos engatinhando numa cultura de pensar no futuro e fazer planejamento financeiro de longo prazo.
A reportagem é muito oportuna e clara no recado: cuidado, gaste apenas o que pode pagar!